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segunda-feira, 30 de abril de 2012

O discriminado e o jurista

Os samaritanos eram pessoas discriminadas.

Para um judeu, ser chamado de “samaritano” não era nenhum elogio.

O jurista queria saber quem era seu próximo. Quem ele deveria amar?

Talvez estivesse pronto para amar até mesmo seu inimigo, afinal a lei já determinava isso. Poderia amar um cidadão romano, inimigo, dominador; mas nunca passaria por seu coração amar uma gente daquela, de baixo calão, um samaritano.

Um samaritano não estava próximo, não era próximo, e seria bom que permanecesse assim: bem distante. Assim, o jurista jamais precisaria amá-lo.

O problema do samaritano, aos olhos do judeu, é que eles eram parecidos demais com os judeus, só que diferentes. Eles eram israelitas, possuíam a mesma origem, a mesma língua, o mesmo Deus, a mesma religião. Só que o samaritano se separou de Judá, se misturou, adorou outros Deuses.

Eles viviam sob o juízo divino e era bom assim!

Um samaritano era alvo da condenação e não da misericórdia, do juízo e não da graça, do ódio e não do amor.

“Mas qual foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Pergunta Jesus.

“O samaritano” – responde o jurista. O maldito samaritano é o próximo. Se ele estava distante, ele agora se aproximou, porque ele teve misericórdia de mim quando eu estava na pior.

Porque ele se aproximou, o discriminado é o próximo que eu devo amar. Porque proximidade é uma relação recíproca. Se alguém está próximo de você, não temo como você não estar próximo dele.

Jesus deixa para o jurista uma resposta, respaldada no exemplo de um povo discriminado:

Os próximos são aqueles que estão se aproximando de você.

Ame-os! Siga o exemplo deles!

Não se prenda às pseudo atividades jurídico eclesiástica. Não se engane com a máquina institucional, nem com as questões meramente teóricas.

Encare os desafios práticos de quem está em necessidade, carregue o problema do outro como se fosse seu, use também de misericórdia. Se aproxime também.

“Vá e faça o mesmo”.

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